Este é um tema que sempre vem à tona nas empresas, sobretudo em Comunicação Interna.
Afinal, o que é sentimento de dono para você que está lendo este texto? E para uma empresa, o que deve ser o sentimento de dono? Como o funcionário pode agir desta maneira se não é dono de fato? Neste contexto devemos falar de engajamento ou de capacidade de assumir riscos e responsabilidades pelas próprias ações? Ou então de ser espelho para a equipe?
Complexo este assunto, não é mesmo?
Adoraríamos dar a resposta da QComm sobre “sentimento de dono”, mas confesso que estou com medo … 😊
Brincadeiras à parte, esta discussão é bastante ampla e rica, por isso mesmo resolvemos trazer opiniões de profissionais de várias áreas com visões bastante distintas.
Tem gente dos dois lados do balcão. Proprietários de empresas, executivas de Comunicação e Recursos Humanos, presidente, investidor, consultor.
E para você, o que é sentimento de dono?
BUSQUE INOVAÇÃO SEMPRE
Frederico Mourão – Presidente da Niplan Engenharia
Primeiramente, você precisa conhecer no detalhe o que está acontecendo na sua empresa e por o que cada líder de área é responsável. Dessa forma você consegue visualizar os limites de cada um e onde será necessária uma ajuda mais específica.
Busque sempre a inovação. Não fique e nem deixe sua empresa entrar na zona de conforto, mantenha sua equipe sempre motivada e construa planos para cada membro do seu time.
Problemas sempre ocorrerão, mas você precisa estar preparado para lidar e prevenir contra cada um deles. Importante fazer de tudo para evitá-los.
Você tem que ser o espelho para os demais profissionais de sua empresa. Seja exemplo para todos eles, construa empatia na sua equipe.
FAÇA O QUE OUTROS NÃO FARIAM
Ricardo Mendes – Dono e Diretor da Geasa Engenharia
O sentimento de dono é o querer fazer, empreender. É sair desbravando o mundo, enfrentando os desafios que tem pela frente. Construir projetos, defender ideais, trabalhar dentro de uma filosofia.
Também é liberdade, é você pôr em prática as suas ideias, desenvolver iniciativas que outros não fariam. É ter a responsabilidade da tomada de decisão.
Outra questão é o sentimento de dono em uma sociedade empresarial. É preciso identificar outros profissionais e empreendedores que queiram desenvolver um trabalho, uma iniciativa, um investimento de qualquer natureza compartilhando as mesmas metas e objetivos. Esta é também discussão interessante.
Além disso, também citaria a vontade de enfrentar os percalços, situações em que você tem que segurar a onda e replanejar, revisar metas, reinventar-se para continuar no trilho.
QUAL SEU PAPEL EM RELAÇÃO AO TODO?
Glenda J. Braschi – Head de Marketing do Grupo Rio Branco Papéis e sócia-proprietária de uma agência de eventos durante 17 anos
Por um lado, o sentimento de dono está relacionado a uma sensação de urgência, porque quando somos donos, temos uma série de compromissos que vencem todos os meses e vão acontecer, sim ou sim.
Esses prazos ditam o ritmo para o trabalho. O dono tem de conseguir imprimir um ritmo para que todos alcancem um objetivo no final de um período X, seja qual for esse período, porém, para o dono é o mês.
Por outro, pensando com uma cabeça focada para o empreendedorismo, há outros aspectos. O sentimento de dono também está relacionado a comprometimento, você entender o porquê as coisas são feitas de uma determinada maneira e porque você é necessário(a) naquele processo. Acho que tem muita relação com isso, de saber qual seu papel em relação ao todo.
O QUE IMPORTA É O PROPÓSITO
Beatriz Cesar – Senior Global Commercial Communications Manager – Crop Science Division – Bayer
Penso de uma maneira bem pragmática, porque no fim do dia, se a gente está falando de uma empresa mais familiar é óbvio que o sentimento de dono fica muito mais com o próprio dono do que com o colaborador.
Porém, quando você fala de uma empresa muito grande e/ou mesmo de capital aberto, isso também afasta porque mesmo os acionistas não têm essa visão de dono, já que no final do dia o mais relevante é o lucro.
Falando do sentimento de dono para o colaborador em si, antigamente conhecido como “vestir a camisa”, hoje esta relação gira em torno de como conseguimos humanizar a empresa, ainda mais agora, com a tendência acelerada de digitalização.
Como que você mantém o engajamento para fazer a empresa atingir os resultados, crescer, mesmo tendo os colaboradores cada vez mais distantes fisicamente?
No fim do dia é aquela mesma história, de você entregar o resultado, se capacitar, buscar novas formas de fazer o que já fazia antes.
Não existe uma receita de bolo para isso, porque depende muito de aspecto cultural, tamanho de empresa, setor, tipo de negócio.
Acho que todo colaborador tem de ser ver com um acionista da empresa em busca do melhor sempre porque, no final das contas, você é dono da sua própria carreira, do seu ganha-pão.
Algo que também acho importante acrescentar é a grande mistura de gerações dentro de uma empresa, um cenário onde o propósito ganha muito mais importância, sobretudo para os mais jovens. Acho que eles têm menos este sentimento de dono e muito mais uma identificação com o propósito daquilo que entregam todo os dias.
FAMOSO “OWNERSHIP” DAS EMPRESAS AMERICANAS
Elisabete Oliveira, gerente de Recursos Humanos Sênior da GKN
O sentimento de dono, entre outras ações, traduz-se quando o funcionário está fazendo as coisas sem ninguém estar olhando, quando ele entrega os resultados não apenas por obrigação.
Para mim o sentimento de dono é quando a pessoa se sente realizada no seu dia a dia, sente-se escutada e parte de um todo com visão sistêmica. Se esse ambiente organizacional proporcionar isso para o funcionário ele tem grandes chances de desenvolver o sentimento de dono, o que as empresas americanas chamam de “ownership”.
Mas o que isso quer dizer? É justamente não fazer por obrigação, mas sim porque sabe da importância daquele trabalho e isso só acontece quando se tem um ambiente propício para ele fazer essa entrega da melhor maneira possível, fazendo o seu melhor, buscando a melhoria todos os dias.
BOA SENSAÇÃO DE CONQUISTA
Cesar Francisco Oliveira, Sócio da Aro Advogados, Consultor e Investidor
O sentimento de “dono” genuíno relaciona-se à boa sensação de conquista, à percepção de merecimento e auto valorização.
Aliás, muitas das coisas sobre as quais nos sentimos “donos” atualmente só terão razão de ser em futuro (próximo ou distante) se o senso de responsabilidade, zelo e comprometimento sobre elas demandar do profissional uma evolução constante. Exemplos são conquistas na carreira, prêmios e reconhecimentos, os quais podem vir de diversas maneiras.
Ser dono é assumir riscos. No meu caso, sempre calculados. É ter coragem para deixar de colocar aquele saldo da conta da empresa na sua conta pessoal e investir em um projeto e/ou produto novo que você ACHA que vai dar resultado ou então resolver contratar um profissional que você ACHA que vai te ajudar a focar um pouco mais no estratégico e deixar um pouco o operacional de lado.
É ter o tal “senso de urgência”, que para mim se traduz como o quanto antes conseguir terminar determinada atividade, mais tempo sobra para tocar a empresa, para entregar algo a mais para o cliente ou para pensar em novos projetos.